sábado, 31 de outubro de 2015

Cubanizar!

Presentemente, muito mais do que antes, fala-se em esquerda e direita mas, assumo eu, a maior parte não faz sequer ideia do seu significado. 
Também não vou estar a explicar o sentido filosófico de como apareceu essas denominações porque quem até aqui não teve interesse em aprender é porque será mais um daqueles que se limita a seguir o que os outros ordenam. Digamos ser mais uma "Maria vai com as outras"! 
A sociedade portuguesa está repleta de estereótipos e neste particular caso é mais ou menos separado pela vestimenta, o carrucho e local onde reside! 
Se assim fosse, por exemplo, o pessoal da Quinta do Conde, com um Fiat Punto e trajando Zara seria todo de esquerda e quem residisse na Quinta do Patino, tendo um BMW e vestindo na Hugo Boss seria de direita.
Que conceito mais errado! 
A ser verdade estaríamos perante duas situações: 
A todos os níveis ou este povo é completamente primário nas convicções e doutrinas ou cada um dos posicionamentos acontece por tiques ou influencia exterior! 
Ter dinheiro ou ser pobre, ser operário ou médico não define o humanismo de cada um, muito menos a sensibilidade social como cidadão dum país, da europa, do mundo.
Na minha ideia, serão as experiências, vivências, aprendizagem, mas principalmente a cultura que se adquire durante as várias fazes da vida, que anulará ( ou não ) cada um destes estereótipos. 
Esta divisão lateral duma sociedade, é pura concepção pessoal e do eventual núcleo a que pertence, na maior parte das vezes inconscientemente posicional. 
Enquanto jovens estudantes quantos idealistas nascem, período durante o qual a convulsão entre a aprendizagem da realidade social se mistura com a pressa da correr para a vida, quantas destas vêm-se a desfazer no mar revolto duma sociedade repleta de ratoeiras onde a ambição dita a maior das leis? 
As convicções ficam pelo caminho, as ideologias deitadas no lixo, para se mergulhar na única ideia de vencer a qualquer preço na competição sem lei entre a pobreza e a riqueza. 
Quantos militantes de extrema esquerda se passaram para os partidos de direita tendo alguns atingindo grandes cargos políticos? 
Quantos betinhos das "boas" famílias experimentaram o ferro da injustiça social e se tornaram depois peças importantes dos partidos de esquerda? 
Apelidam alguma esquerda de ser "caviar" porque simplesmente não entendem que viver e ganhar bem não significa insensibilidade social e escuda de profunda preocupação politica. 
É precisamente alguma direita poderosa actualmente apelidada de "liberal" que só pensa na manutenção da sua riqueza literalmente borrando-se para o povo pela bitola baixa ao reduzir-lhes a retribuição, apoios sociais, privatizar o estado social tais como a saúde, a educação e os transportes.
Ao contrário disto, alguma esquerda tende a medir por cima tentando aumentar essas mesmas condições. 
Aliás quando as hostes reaccionárias e de direita não entendem a essência do estado social criado exactamente pela social democracia como parte integrante para a convivência pacifica entre o capital e a mão de obra, dificilmente se chegará a um consenso. Uns puxam para um lado e outros para o outro. 
Daí esta profunda mágoa para toda a direita de o povo ter votado à esquerda, aliás como quase sempre foi desde Humberto Delgado. 
Em Portugal quem deu cabo deste natural equilibro esquerda/direita, ao invés do que acontece na Europa, foram os partidos do arco da governação que, sendo ambos sociais democratas, enquanto no poder tiveram comportamentos ideológicos inconsistentes e pouco convictos para a realidade portuguesa parindo um sem numero de políticos fracos, incompetentes, altamente ambiciosos e bafientos. 
Não me identifico totalmente com nenhum dos partidos de esquerda português mas acredito muito mais nas suas convicções e na sua vontade de contribuir para a mudança duma europa colectiva muito repetida, desgastada em soluções económicas baseadas em opções sociais, fiscais e monetárias absolutamente erradas. 
Posso estar errado com o que aí vem, mas tenho esperança que uma mudança efectiva de comportamentos e atitudes no poder venham revitalizar a pequena e média economia, com menor concentração do poder económico, mais aberta e, principalmente, com a motivação da quase extinta camada média. 
A direita que não ponha o rabinho de fora porque desde os finais dos anos 80 foi amplamente culpada pela situação a que chegamos. 
Para borrar de medo os tios e tias e os seus anéis e as pratas, venha lá o governo de "esquerda", o tal que dizem vir cubanizar e comer as criancinhas a todas as refeições!

( Imagem: http://inimigo.publico.pt )