terça-feira, 17 de junho de 2014

Pés de barro!


Quem pensar que as relações interpessoais não estão a provocar mutações profundas na dimensão intrínseca do valor de cada um com a introdução das redes sociais no dia-a-dia da esmagadora maioria de pessoas, desengane-se porque tudo isto está a alicerçar-se, na minha óptica, irreversivelmente para pior.
A visibilidade imediata da pessoa, exposta a uma plateia enorme de outros tantos cedentes de penetrarem na vida do alheio, dum dia para o outro constroem-se figurinhas nascidas duma bola de fumo, sem qualquer alicerce, crédito ou honestidade porque... simplesmente é assim!
Valor?
Nenhum vezes zero! Passar-se ao estatuto de "conhecido" nem que, depois, se venham a descobrir as piores razões para o facto é o imediatismo do sacanoide em principio de vida ou a fazer mesmo vida assim!
Convive-se hoje na emergência de notoriedade do ze ninguém, normalmente de perfil ambicioso, aldrabilhas e espertalhaço, daquele tipo que não olha aos meios por troca dos objectivos a que se propõe, constrói à sua volta uma imagem de sucesso imediatamente defendida por um séquito de outros rafeiros que depressa lhe sustentarão o ego como se não houvesse amanhã nem mais ninguém na terra.
E assim nasce o culto da personalidade, opróbrio que me aflige numa sociedade democrática que se pretende serena, de valor e honesta.
Aliás nos seus textos filosóficos Karl Marx insurgiu-se contra o que apelidou de "culto do individuo" facto que deu origem a uma critica a Lenine por parte de Khrushchov na referencia aos ditadores da época como Estaline que não sobreviviam sem uma boa dose de narcisismo.

Não será preciso recuar na história porquanto o fomento da apoteose do individuo cada vez é mais visível na mistificação do "lider de barro" que é construído das mais diversas formas e meios.
Na politica essa emergência é manufacturada pelos partidos com uma maioria de papalvos votantes a darem-lhes essa prerrogativa.
Nas redes sociais, basta auto proporem-se nessa enorme plateia da visibilidade com uma estratégia de apresentação aldrabada repleta de fotografias, cenários luxuosos ou idílicos apregoando os milhões ganhos ( ou não ) em sofisticadas e visíveis trafulhices. 
Depois é só aguardarem pelas moscas, ou seja, os ingénuos, outra meia dúzia de patetas falidos e mais uns tantos oriundos dos bairro de lata circundantes para fazerem número. 
Os mais sofisticados sustentam o trabalho de ascensão nalgum "marketing expert" no desemprego e, "voilá", nasceu mais um "figurão". 
A prática é tão usual e corriqueira que de repente surgem do nada um politico desde a juventude, um campeão de chinquilho com palmarés invejável, um empresário dos maiores buracos de bolo-rei do mundo, um idiota cheio de projectos o maior dos quais é como aumentar a agua do oceano em 3 dias! 
Enfim! 
A distancia entre essa necessidade do elogio até ao corolário do sucesso do pé descalço, vai o tamanho duma chinela rota. 
Nunca me coloquei na primeira fila, não gosto e renego o elogio, aliás não sou ninguém especial nem tenho estatuto para justificar um hipotético cenário desses, muito menos, me poria a jeito como por aí vejo tantas libelinhas emergentes em bicos de pés agitando um letreiro a dizer "estou aqui"!!! 
A nossa sociedade da comunicação, das redes sociais, da necessidade de "ganhar", produz cada campeão, não fosse tão triste, daria para rir! 
Cada vez emergem mais oportunistas vestidos de Hitler, Mao Tsé-Tung, Estaline, Ceauşescu, Kim Jong-II que, mais tarde ou mais cedo, terão o mesmo fim de quem não vale um tostão furado e depressa lhes derreterão os pés de barro!