quinta-feira, 10 de março de 2016

Oh-la-ré palminhas!


Nós, todos os Portugueses, temos na genes um pouco de Bocage, Fialho de Almeida, Bordalo Pinheiro, José Vilhena, Severa, enfim, o lado menos senil duma sociedade que sempre foi marcada entre o preconceito e a graçola.
Passados 42 anos do 25 de Abril, ressuscitaram para a politica uns tantos macaquinhos de imitação, mas da pior forma. 
Sem se verem ao espelho, pretendem remeter o berço e o dom da educação para a direita e o boçal e ordinário para a esquerda. 
Nada mais ridículo e claramente patético! 
Aliás, cada vez mais é usual esta "nova" direita vestida de jeans e T/S rotos, mas de marca, saírem para a rua aos gritinhos e a partilhar asneiras no facebook  armados em revolucionários Chanel!!! 
Mande a primeira pedra quem de direita já não proferiu, oralmente ou da forma escrita, profundos e "educados" vocábulos sobre a mãezinha dum governante ou dum presidente de esquerda? 
Quantos milhares de adjectivações são usadas diariamente contra o poder constituído, por sinal uma prática doutrinária das mais esquerdistas que existem?
Quem tem coragem de desmentir o facto de aplaudir, patear ou, ao contrário, abster-se e virar costas, não terem sido práticas comuns na AR e não só por parte de TODAS as facções politicas existentes no país? Isso passa-se em todo o mundo democrático, da direita à esquerda, claro exceptuando em países como a coreia do norte onde todos são obrigados a aplaudir... ou a chorar pelo grande "líder"! 
Era isto que a direita portuguesa queria? 
Claro que era!!! 
O aplauso, bater palmas, chamem-lhe o que quiser, é um acto não verbal de comunicação que indica apoio ou satisfação condicionada a um momento exacto e demonstra um estado de espírito individual ou colectivo, legitimo e democrático. 
Em termos políticos é completamente válida e aceitável nada tendo a ver com as contas bancárias ou com as convicções religiosas ou de família muito menos com o tal "berço" ( alguns bem sabemos de onde vieram... ). 
Veja-se, por exemplo, na democracia mais velha do mundo, o Reino Unido, os procedimentos de apoio e repudio usados constantemente no seu parlamento por vezes ultrapassam atitudes mesmo do mais radical e agressivo! 
A palavra, o epíteto, escritos ou falados, são uma forma de expressão, cujo poder é tão maior ou bem mais incisivo do que o bater palmas, ou não. 
Definir o primeiro estilo com um nível superior e o outro como menor, é umas das essências da filosofia condicionante das ditaduras, onde dum lado é tudo mau e deseducado e do outro tudo bem e com "nível".
Para não irmos muito mais atrás no tempo sobre actos idênticos por parte da direita, por acaso alguém se insurgiu como o acto "deseducado" e "ordinário" o facto dos elementos do psd e do cds na tomada de posse do governo de António Costa não terem aplaudido?
Ou neste caso o governo não era de todos os Portugueses?
Ou neste caso o governo não era de base maioritária do povo Português?
Pois!!!
Nas mesmas circunstancias uns têm o direito a serem "deseducados" e "ordinários" só porque vestem Prada!!!
A ovação politica é reduzida para uma encenação primária de facção, muito praticada para faccionar a sociedade num acto legitimo em ambos os casos quando se trata de democracias plenas.
Como costumo chamar os bois pelos nomes, vão lamber sabão e vão pregar "comportamentos" para a vossa rua!!!
Penso pela minha cabeça, não aceito lições de ninguém nem na politica, nem socialmente, muito menos familiarmente, daí, não sendo o actual o meu presidente de preferência, isso sempre foi claro, não quer dizer que não o aplauda ou critique conforme achar, quando achar e como o quiser exteriorizar!
Na política não concordo com aplausos pelos aplausos, só porque sim!
Tenho este enorme defeito de não mudar as minhas convicções democráticas consoante o vento e não só quando é actualidade. Bastará ler o que escrevi em Julho de 2013 sobre as "palmadinhas de circunstancia" a políticos, no caso completamente a despropósito, durante um acto religioso numa igreja!!! ( in http://pataktepareu.blogspot.pt )