domingo, 6 de setembro de 2015

Ai meu "deus"!

Depois de aparecer a imagem da pobre criança morta numa praia parece que o pessoal despertou para os problemas do mundo e das pessoas. 
Até que enfim que despertam para alguma coisa mas acho que erraram no alvo!!! 
É pena que seja só para desopilar fel e raiva religiosa porque pelos vistos as causas humanas pouco continuam a interessar. 
Criticam algumas religiões pelo fanatismo e suas aberrações, por vezes com alguma verdade segundo a concepção humanista , mas sem pensarem estão a defender actos que vão lá parar. 
Toda a gente sabe que sou agnóstico, por isso, não me assiste essa sensação de me posicionar consoante a fé sobre teorias do sobrenatural ou das divindades. Nem preciso, porque acima de tudo vejo o ser humano independentemente da sua raça, religião ou opção sexual. 
Há milénios que a religião jamais se preocupou com o humanismo real das pessoas. 
Ou é preciso lembrar as atrocidades humanas que ao longo da história as religiões, todas elas, fizeram em nome das divindades? 
Baseado em outros filósofos do século XVIII, Karl Marx já dizia nos seus estudos de 1843 criticando Hengel que a "religião é o opio do povo". Defendia que "o Estado e a sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido" e eu não posso deixar de estar em acordo com isto.
Há milénios que a migração é um facto resultante de convulsões sociais, sendo que os Portugueses e Portugal têm sido actores e palco desses movimentos migratórios com alguns factos menos bem conseguidos mas sem duvida alguma com enorme tolerância étnica e religiosa, facto que agora não vejo. 
A propaganda do medo é lixada aumentando exponencialmente a já negritude das cabecinhas das pessoas quando integradas nas suas "tribos" mas na primeira altura e quando existe real razão para se levantarem, calam-se perante as injustiças que, por exemplo, o poder politico e religioso lhes imprime nas vidas! 
Será que alguém já pensou que a maioria dos emigrantes residentes no nosso cantinho não são cristãos? 
Bem pelo contrário! 
Agora gritam o pavor do terrorismo de hipotéticos refugiados infiltrados, obviamente, convindo ao poder politico e religioso este ambiente para desviar as pessoas dos problemas reais do país. 
Acho que endoidaram com o assunto quando vejo tanta partilha de noticias que só convém aos "autores radicais", ou ouço um pateta qualquer defender numa televisão a distribuição aos refugiados das casas espoliadas pelos bancos por falta de pagamento, ou ler que uns mongolóides criaram uma petição porque "não querem muçulmanos mas sim trabalho"! 
Proveniente das nossas ex-colónias integraram-se no continente cerca de meio milhão de pessoas, a esmagadora maioria trazendo consigo grande raiva pelo processo de descolonização ainda hoje invariavelmente bem visíveis nas suas posturas e opções. 
Interferiram? 
Claro que sim e bastante, principalmente no desenvolvimento politico do país, para o bom e para o mau, porque nem todos integraram-se da mesma forma nos hábitos continentais. 
Afinal não estavam em África mas queriam que fosse! 
É bom não esquecermos que foi exactamente este o maior êxodo em todo o mundo de refugiados da era moderna e ninguém conquistou ninguém! 
Pergunto sem qualquer ingenuidade e consciente da realidade, como podem mais meia dúzia de muçulmanos juntarem-se aos cerca de 20.000 existentes virem a conquistar Portugal até 2020 num processo de invasão europeia concertada pelo Islão?
Como se todos os muçulmanos fossem poderosos terroristas do isis! 
Por outro lado o que são os nossos números comparados com os 2,7 milhões de muçulmanos que vivem em UK um país que nem é católico? 
Está tudo maluco ou é só para botarem "faladura" alarmista e inconsciente no facebook tão em voga por tudo e por nada? 
Aliás o povo português tem muito medo mas só sabe palrar no café, mais modernamente no facebook, porque em outras alturas ficam muito caladinhos e quietos quando há quase 40 anos lhes andam a infligir, isso sim, guerra nas suas vidas! 
Levantei-me contra o caso Charlie, tanto como me levanto com o conflito religioso no Tibete, como nas guerras entre Judeus e Muçulmanos ou entre Católicos e Protestantes! São todas condenáveis porque atentam contra o ser humano como pessoa livre de optar e ser devidamente respeitado por isso!
Há q'anos os tipos do norte chamam-me "Moiro" e agora com toda esta nova verborreia religiosa adicional que leio por aí, já me vejo de turbante, túnica comprida e sem cuecas com a patroa vestidinha de burca Chanel três passos atrás de mim! 
Ai meu "deus"!!!