quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pensar livre

Porque será que uma pessoa nasce, estuda, trabalha, vive e luta por criar uma família e hoje é confrontada permanentemente com a dúvida que tudo isto não faz qualquer sentido? 
Quando nascemos os progenitores investem para que engordemos as carnes e enchamos a cabeça de informação para uns anos mais tarde concluirmos que as comezainas só provocam o aumento dos níveis de colesterol e uns intelectuais televisivos vêm por em causa princípios básicos educacionais aconselhando-nos para comermos com a boca aberta porque melhora o arejamento da goela! 
Depois enfiam-nos na escola, por cá ambientalmente e terrivelmente desmotivadora, mas onde fomos forçados a colher todos aqueles saberes históricos, matemáticos, físicos, etc mais tarde postos em causa por um qualquer historiador afirmando que D. Afonso Henriques afinal não bateu na mãe, ou que 2 + 2 em Portugal são 3 e na Alemanha são 5, ou até que a soda caustica apenas serve para limpar a sanita! Melhor ou menor cursado lá se arranjou um trabalhinho que nos dava um salário, na época suficientemente equilibrado para as nossas necessidades básicas e ainda podermos ir ao cinema e ao teatro, comprarmos um livro, fazermos férias repartidas com os amigos ( e amigas… ), irmos pagando o carrito comprado em 2ª mão e, recorde-se, para pagarmos um jantar à namorada numa tasca gira mas baratucha. 
Entretanto constituímos família casando em comunhão de adquiridos com o banco para termos uma casinha nos subúrbios, cumulativamente assinamos um “contrato temporário” com uma amada que se atravessou no nosso caminho pela qual nos babámos e mijamos em todos os cantos, enquanto vigora este ultimo contrato o mais provável é levarmos com uma adenda que vem com o terno choro duma criança que nem sempre é a solução para salvar os contratos ou coisa alguma, bem pelo contrário! 
Hoje não há salário, não há trabalho, não há dinheiro, não há família, nada que nos possa dar alegria ou esperança no futuro! 
Pergunto eu:
Qual a réstia de esperança de não vermos postos em causa os nossos princípios de ontem e de sempre quando hoje são levianamente desmentidos e, provavelmente, amanhã estarão ultrapassados por uma ou outra concepção teórica diferente? 
Para onde caminhamos nós numa sociedade em que, cada vez mais, as pessoas – os amigos, os colegas, a família, a mulher, os filhos – são feitas pelos mentores de opinião, baralhando as ideias aos mais debilitados ou influenciáveis com teorias sempre novas, diferentes mas, principalmente, bombásticas? 
Para quando deixarmos que os outros se intrometam nas nossas vidas pessoais e familiares debitando-nos teorias da conspiração que nos farão afastar dos nossos familiares e daqueles que mais amamos? 
Para quando definitivamente deixarmos de dar crédito aos múltiplos doutores do ”acho que” e pensarmos como seres inteligentes constituídos em sociedades de onde o produto de valores familiares, sociais e humanos sejam apenas extraídos das suas colectivas ideias e não pelo que nos vendem? 
Para quando exigirmos sermos como queremos e rejeitarmos liminarmente o mergulho nos paradigmas impingidos por outros sobre como devemos pensar, fazer e amar?