quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

02 Dezembro 2009 - 00h30 'Máfia da Noite' Juízes livram fugitivo da cadeia

Correio da Manhã

Mandado de captura para membro da ‘Máfia da Noite’ vai ser anulado. Acórdão da Relação diz que não há perigo de fuga para Paulo Baptista, procurado pela polícia há 7 meses.
Condenado a seis anos e três meses de cadeia por crimes de extorsão em bares de alterne, Paulo Baptista escapou à Justiça a 30 de Abril. Era o dia da sentença, que nem foi ouvir à Boa-Hora – e em que a juíza-presidente lhe decretou a prisão preventiva. Por perigo de fuga. E confirmava-se o receio da magistrada – uma vez que o segurança, elemento do grupo ‘Máfia da Noite’, desapareceu até hoje e não acatou a decisão do tribunal. Mas pode agora voltar ao País e em liberdade – o Tribunal da Relação anulou a prisão preventiva. Diz que não há perigo de fuga.
A decisão saiu na última semana, apurou o CM, depois do recurso interposto para o tribunal superior pela defesa de Paulo Baptista. É um acórdão assinado pela desembargadora Fátima Mata-Mouros, segundo o qual não se justifica a prisão preventiva: afinal não há perigo de fuga até à sentença transitar em julgado, quando o condenado partiu e é procurado pela polícia, sem resultados, há sete meses.
Baptista, recorde--se, fugiu no mesmo dia que o amigo Alfredo Morais. O segundo foi apanhado na Lituânia, mas o primeiro ainda tem em seu nome um mandado de captura internacional activo. Vai já ser cancelado: é um homem livre.
PORMENORES
EXTORSÃO EM BARES
Paulo Baptista era o braço-direito de Alfredo Morais, ex-PSP que chefiava a ‘Máfia da Noite’. O grupo extorquia proprietários de bares em troca de supostos serviços de segurança.
PROCESSO PASSERELLE
Baptista, tal como Morais, continua a ser julgado no processo Passerelle, que decorre em Leiria.
ÚLTIMO CONTACTO
A advogada diz que, na última vez que ouviu Baptista, no dia em que fugiu, queixou-se do trânsito da Av. Almirante Reis.
ESTEVE EM PARIS 15 DIAS ANTES DE FUGIR DE VEZ
A polícia tem provas de que, enquanto decorria o julgamento do caso conhecido por ‘Máfia da Noite’, Paulo Baptista deslocou-se a França – depois da sessão de 15 de Abril, duas semanas antes da sentença e da fuga final. E no regresso dessa viagem terá dito a amigos que tinha arrendado uma casa na zona de Paris.
Estava preparado para tudo. De resto, antes de se decidir pela prisão preventiva para Alfredo Morais e Paulo Baptista, a 30 de Abril, a juíza Leonor Botelho já os tinha avisado para as possíveis alterações de medidas de coacção – além do perigo de fuga, em causa podia estar a pressão exercida sobre testemunhas.
A magistrada fez notar que algumas pessoas fizeram declarações na fase de instrução do processo que não repetiram em julgamento. No final, condenou os 14 arguidos por diversos crimes.
SUSPEITO DE ROUBAR E BATER EM CLIENTES DE DISCOTECAS K
Enquanto aguarda em liberdade pela decisão a outro recurso interposto por si e pendente no Tribunal da Relação – neste caso a contestar a condenação na Boa-Hora a mais de seis anos de cadeia pelos crimes de extorsão – Paulo Baptista continua a contas com a Justiça noutros casos ainda em investigação. E um deles, apurou o CM, diz respeito a violentas agressões e roubos em 2008 a clientes das discotecas Kapital e Kremlin, em Lisboa – Baptista foi segurança do grupo K. De resto, a Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP já acusou, em Setembro, oito ex-seguranças do Kremlin por este tipo de crimes. A fuga de Baptista nos últimos sete meses impediu a PSP de finalizar esta investigação no que diz respeito a este suspeito.